A dor que poderia ter sido evitada: família denuncia abandono que levou à morte de Maria Elza de 74 anos em MS
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| TopMídiaNews |
A morte de Maria Elza Sobrinho Campos, de 74 anos, escancara a face mais cruel do colapso na saúde pública de Campo Grande: a sensação de que vidas deixam de existir não por falta de recursos médicos, mas por falhas graves no atendimento e pela incapacidade do sistema de responder com urgência quando mais importa. Para a família, a idosa estaria viva se não tivesse sido engolida pelo descaso que marcou seus últimos cinco dias de vida.
Maria Elza faleceu na madrugada de 11 de novembro, após permanecer internada na UPA Tiradentes desde o dia 6, sem conseguir vaga em um hospital e sem receber o antibiótico necessário para tratar uma infecção urinária grave. A família assistiu, desesperada, à evolução de um quadro que os próprios profissionais da unidade admitiram não ter condições de tratar adequadamente, conforme o site TopMídiaNews.
Segundo a filha, Marcela Pereira, a idosa deu entrada na UPA às 23h do dia 6 de novembro, apresentando formigamento nas pernas, confusão mental, voz cansada e uma hiperglicemia alarmante de 600 mg/dl. Após exames, foi encaminhada para a área vermelha, onde diagnosticaram a infecção urinária e realizaram a sondagem.
“Os exames só pioravam e os médicos disseram que a UPA não tinha o antibiótico que ela precisava. Pediram vaga no hospital várias vezes, mas todas foram negadas. A gente tentou judicializar o pedido, mas não tivemos retorno”, relata Marcela.
Sem o medicamento e sem leito hospitalar, o estado de saúde de Maria Elza foi se agravando. A falta de ar passou a se intensificar, a glicemia seguia alta, e a infecção avançava rapidamente. No domingo, colocaram oxigênio. A equipe chegou a informar que talvez fosse necessário intubá-la — mas não havia para onde levá-la.
A família insiste: o antibiótico indicado era de uso hospitalar, portanto não poderia ser administrado na UPA — e nem poderia ser comprado pela família. O sistema falhou onde deveria amparar.
Além da angústia pela falta de atendimento adequado, os parentes denunciam tratamentos desumanos. Marcela conta que uma técnica de enfermagem chegou a sugerir que sua mãe estava com “preguiça de andar”, quando na verdade a idosa mal conseguia respirar.
“A gente estava ali pedindo ajuda, e parecia que ninguém enxergava o desespero da minha mãe”, disse.
Maria Elza era aposentada, mãe de seis filhos, casada e conhecida pela dedicação à família e ao trabalho. Atuou como pizzaiola antes de se aposentar e, segundo a filha, era uma mulher alegre, esforçada e sempre disposta a ajudar qualquer pessoa.
“Não falo isso só por ser minha mãe, mas porque ela realmente era uma pessoa maravilhosa”, disse Marcela, emocionada. “A dor dentro do peito é muito grande. Voltar à rotina é difícil, porque o que aconteceu não foi justo. A gente está de luto, mas também indignado.”
O que diz a Sesau
A Secretaria Municipal de Saúde afirmou, em nota, que todos os atendimentos seguem protocolos do SUS, que priorizam casos com base na urgência e gravidade. Afirmou ainda que, por causa da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não pode fornecer informações individualizadas sobre pacientes à imprensa.
Também orientou que familiares ou responsáveis acompanhem as demandas nas unidades de referência ou pelos canais oficiais de ouvidoria.
Por: Redação - Jornal A Princesinha News



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