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Diario Corumbaense |
A morte de Mauro da Silva Adorno, de 39 anos, dentro da cela 210 da Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, em Campo Grande, expõe mais uma vez os conflitos internos do sistema prisional e a difícil tarefa do Estado em controlar a violência.
Na noite de segunda-feira (7), por volta das 23h10, policiais penais foram surpreendidos por gritos de presos do pavilhão 2: “pode abrir, matamos ele”, diziam os internos. Ao entrarem na cela, encontraram Mauro já sem vida, caído de bruços, com múltiplas lesões na cabeça e o pescoço quebrado. Ao lado do corpo, estavam os irmãos Lucas Riquelme Monteiro, 33, e Dair Siriano Soares Junior, 24, que assumiram a autoria do assassinato.
Segundo os próprios autores, o crime foi motivado por uma “guerra de rua” — uma possível referência a acertos de contas entre rivais. Dair alegou que Mauro já havia tentado matá-los no passado, e que aguardaram o momento em que ele estivesse desprevenido para agir. Um golpe de “mata leão” foi o início da execução.
Os irmãos já acumulam longas fichas criminais, com passagens por homicídio, roubo, furto, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma. Eles estavam presos anteriormente em Dois Irmãos do Buriti, mas haviam sido transferidos para a Gameleira II há apenas oito dias. A vítima, Mauro, cumpria pena de mais de 25 anos pelo assassinato de Selma Espíndola, ocorrido em 2011, em Ponta Porã.
O episódio reforça a crescente preocupação com o controle interno das unidades prisionais, onde rivalidades externas continuam a influenciar o comportamento dos detentos e transformam o sistema penitenciário em palco de novas violências. A investigação segue com base no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil, e os autores foram autuados em flagrante pelo homicídio.
O caso reacende o debate sobre os critérios de alocação de presos em celas compartilhadas, especialmente entre indivíduos com histórico de conflito, e o risco constante de que as penitenciárias deixem de ser espaços de ressocialização e passem a alimentar ciclos de vingança.
Por: Victor Ocampos - Jornal A Princesinha News -